Já ouviste e cantaste o Sansa kroma?
As notas com que se inicia esta canção são tão poderosas que foram usadas inúmeras vezes para desenhar melodias inesquecíveis.
É um fenómeno natural (no sentido literal da palavra), o que pode explicar a nossa atração por aquela sequência de sons (e que os nossos ouvidos estão sempre a sentir cada vez que ouvem cada nota musical, mesmo quando não se percebe que estão lá).
Mais abaixo voltamos a falar disto, mas para já, vamos mostrar com alguns exemplos do que estamos a falar.
São o começo de melodias célebres, de todos os tempos e lugares, e se fossem tocadas na tonalidade da nossa canção (Dó maior) seriam chamadas de Dó Mi e Sol.
Aqui estão alguns exemplos, de vários géneros e estilos:
Johann Strauss II - O Danúbio Azul.
Paul McCartney - We All Stand Together.
E, aqui no Cantar Mais, esta canção tradicional portuguesa.
Quando se fala em sons e na sua constituição complexa, os harmónicos são a primeira coisa a ser referida.
De uma forma simplificada, podemos dizer que dentro de cada nota ou som que ouvimos estão 'escondidas' do nosso ouvir desatento uma série de outras que, não se 'ouvindo' tanto, sabemos que estão lá.
É nesta série 'natural' que podemos encontrar as tais três notas (dó, mi, sol, no caso desta canção em Dó Maior) pelas quais tantos criadores de melodias se foram sentindo atraídos.
Podes ver e ouvir aqui, como se fosse matemática para os ouvidos: toca na corda dividida em 4, 5 e 6 partes e vê o que a Natureza preparou para os nossos ouvidos.
Esta canção tem duas frases melódicas. Começam da mesma maneira, com as mesmas notas, ritmos e palavras: 'Sansa kroma'.
Propomos agora um mergulho num grafismo simples com notas e ritmos.
Tudo está preparado, só falta completares a segunda frase melódica.
Para isso, basta ouvires e desenhares nos compassos em branco as 4 notas do início da canção, que ali se repetem.
Mantendo o mesmo ritmo da melodia original (tocado pela percussão dos triângulos azuis), propomos que transformes agora a melodia original usando a tua criatividade.
Por cima de cada um dos triângulos azuis, experimenta e decide que notas vais usar para criar uma nova melodia para a canção.
Experimenta depois cantá-la e vai fazendo as alterações necessárias até que resulte como pretendes.
(Se quiseres, espreita aqui a nossa experiência.)
Experimenta agora adicionar, na parte de baixo da 'partitura', algumas percussões e ritmos para acompanhar a melodia.
Podes alterar o que fizemos para exemplificar, mas observa o seguinte:
- marcámos o tempo usando o som mais grave (círculo azul);
- usámos o timbre mais agudo (triângulo azul) para sublinhar ou contrastar com as características rítmicas da melodia.
Podes começar por praticar e explorar as tuas opções adicionando um ritmo (triângulo azul) à segunda frase, que só tem, para já, a marcação do tempo simples.
Esta canção, na sua origem, costuma ser acompanhada por um jogo de passagem ritmada de objetos (como pedrinhas) entre os cantores.
No vídeo abaixo, professores de diferentes países divertem-se a aprender este jogo rítmico.
Vamos tentar?
Sansa kroma
Ne nay woo
ah chay chay kokoma
Sansa kroma
Ne nay woo
ah chay chay kokoma
(...)