A aprendizagem da canção poderá ser feita por imitação, uma técnica de aprendizagem muito direta, e que exige que o aluno observe e ouça com atenção para então poder imitar. A sequência utilizada pode desenvolver-se de uma forma gradual (isto é, frase a frase), e por acumulação. Poderá começar-se com a aprendizagem do texto (que será feita mais lentamente, verso a verso), seguindo-se o ritmo com a melodia (que serão já feitas frase a frase), seguindo o exemplo:
Aprendizagem do texto (verso a verso):
Aprendizagem do ritmo e melodia (frase a frase):
É importante que este processo seja relativamente rápido e dinâmico (adaptado às características do grupo, naturalmente) isto é, que haja alguma preocupação em evitar momentos prolongados de quebra, pois isso pode levar a uma desmotivação e perda de concentração do grupo, dificultando a aprendizagem.
Esta forma de aprendizagem poderá ser utilizada para outras canções, adaptando-se às características de cada uma.
Como neste arranjo se utiliza uma sonoridade de uma orquestra barroca poderá servir de mote para se desenvolver um trabalho acerca das orquestras.
Para isso, e depois de uma apresentação do professor sobre alguns tipos de orquestra, a turma poderá ser dividida em grupos, sendo que cada um aprofundará um tipo de orquestra: orquestra sinfónica, de jazz, Gamelão, de instrumental Orff, etc.
Esse trabalho deverá culminar com uma apresentação à turma ou uma exposição na escola, tendo em atenção que não deverá ser apenas escrito, mas deve conter imagens, informações áudio e audiovisuais, e eventualmente até alguns exemplos tocados pelos próprios alunos.
Seria muito interessante proporcionar às crianças a ida a um espetáculo com orquestra ao vivo.
A turma será dividida em 6 grupos de 4 crianças (por exemplo), e cada grupo irá inventar uma história que terá como personagem principal uma menina chamada Leonoreta que andará a passear por vários locais.
O que distinguirá a história de cada grupo será o contexto em que esta se desenvolve, que poderá ser num rio, cidade, praia, pomar, jardim ou serra.
Para isso, as crianças deverão pensar e discutir em grupo os cenários possíveis, procurando descrever alguns aspetos sensoriais, nomeadamente os cheiros, a consistência de alguns materiais, os paladares e tentando em particular descrever os sons de cada espaço.
A forma como cada grupo conta a sua história (narrada, teatralizada, cantada, etc.), poderá ser ajustada à disciplina lecionada.
Entre cada um dos cenários apresentados pelos grupos irá passar a “Canção da Leonoreta”, mas cujo texto deverá ser modificado permanentemente, de forma a ajustar-se ao cenário vindouro.
Será importante que na história desenvolvida para cada habitat/cenário, haja um destaque para a respetiva vegetação que lhe é característica, conforme se pode verificar na ‘nova’ letra da canção.
A estrutura base da canção (AA’BB’A’) será mantida e tocada/cantada entre cada mudança de cenário, alterando-se apenas o texto nas partes B e B’, que passará a ser:
Letra 1
Vou ao rio e tenho pressa,
não te ponhas no caminho.
Vou ver o jacarandá,
que já deve estar florido.
Letra 2
Vou à cidade e tenho pressa,
não te ponhas no caminho.
Vou ver um bonito lodão,
que já deve estar florido.
Letra 3
Vou à praia e tenho pressa,
não te ponhas no caminho.
Vou ver um pinheiro-manso,
que já deve estar florido.
Vou ao pomar e tenho pressa,
não te ponhas no caminho.
Vou ver uma laranjeira,
que já deve estar florida.
Letra 5
Vou ao jardim e tenho pressa,
não te ponhas no caminho.
Vou ver um só eucalipto,
que já deve estar florido.
Letra 6
Vou à serra e tenho pressa,
não te ponhas no caminho.
Vou ver um grande carvalho,
que já deve estar florido.
A apresentação da história poderá desenvolver-se seguindo a seguinte estrutura:
- Introdução, onde um narrador, por exemplo, transmite ao público tratar-se da história de uma menina chamada Leonoreta, que está a fazer uma viagem por Portugal, passando por diferentes locais e onde em cada um deles decorre uma ação.
- Passa a “Canção da Leonoreta” com a versão áudio melodia com acompanhamento disponibilizado, e canta-se com a letra 1.
- Inicia-se a representação do grupo cuja ação envolve um rio e um jacarandá, conforme a letra 1.
- Com a versão áudio melodia com acompanhamento “Canção da Leonoreta”, e canta-se a letra 2.
- Inicia-se a representação do grupo cuja ação envolve uma cidade e um lodão, conforme a letra 2.
- A sequência repete-se até se passarem os cenários propostos.
- No final, será apresentada uma conclusão da história.
Para além do trabalho em grupo, será importante trabalhar-se também em contexto de turma, de forma a garantir alguma coerência entre as várias histórias.
Como aproximação à forma da canção, sugere-se uma atividade relacionada com movimento e ritmo corporal.
Para isso a turma deverá ser dividida em 2, sendo que todos os alunos do primeiro grupo cantam as frases AA’, seguindo-se a resposta do segundo grupo com as frases BB’, e finalizando novamente o primeiro grupo com a frase A’.
No final, podem trocar.
O mesmo diálogo poderá então repetir-se com os dois grupos mas utilizando o movimento e ritmo corporal, tendo como exemplo:
Ouvir a versão para piano de 'Ertöt uns durch dein Güte', de J.S. Bach, por Alicia de Larrocha.
Borboleta, borboleta,
flor do ar,
onde vais, que me não levas?
Onde vais tu Leonoreta?
Vou ao rio e tenho pressa,
não te ponhas no caminho.
Vou ver o jacarandá,
que já deve estar florido.
Leonoreta, Leonoreta,
que me não levas contigo.