A melodia está na tonalidade de Ré M e tem um âmbito de 9ª Maior [Lá 2 – Si 3].
Cada estrofe começa em anacruse e com o intervalo de 4ª P ascendente, um intervalo que define claramente a tonalidade, do 5º para o 1º grau. As três primeiras notas da melodia são do acorde da tónica (I grau da tonalidade).
A melodia é constituída essencialmente por intervalos de 3ª (m e M) e por graus conjuntos, com um intervalo de 6ª M entre o antecedente e o consequente. Na última repetição o consequente faz um paralelo à 3ª M inferior, sendo que essa voz apenas fará um um intervalo de 4ª P entre o antecedente e o consequente.
A melodia está escrita alternando os compasso de 3/4 e 6/8, respectivamente ternário de tempos de divisão binária e binário de tempos de divisão ternária. Ambos são preenchidos por 6 colcheias, sentindo-se uma acentuação de duas em duas colcheias no 3/4 e de 3 em 3 colcheias no 6/8.
O ritmo é silábico e quase exclusivamente escrito em semínimas e colcheias, que por vezes aparecem pontuadas e seguidas, por isso, de semicolcheias.
O andamento é moderado, com a pulsação mais rápida no3/4 (semínima = 100) e mais lenta no 6/8 (semínima c. de 66 pulsações por minuto).
A canção tem uma só frase, que repete com pequenas variações (AA’A’’), sendo a parte A constituída por (abc), a parte A’ por (ab’c) e a parte A’’ (abc’). A canção tem duas estrofes, sendo que a última se repete.
O arranjo segue o plano formal seguinte: Introd. A Interl. A’ Interl. A’’ Coda.
A instrumentação integra os timbres característicos de formações tradicionais, como sendo as percussões (palmas e “clavas”) e os sopros (flautas) e timbres associados à música moderna como o piano e o baixo (que surge na última estrofe) que recriam o ambiente tradicional do trabalho colectivo próprio da música tradicional portuguesa.
Trata-se de uma canção com um percurso harmónico simples que se repete ao longo das três estrofes, com I, IV e V graus. O arranjo inclui uma introdução com alternância de compassos de métrica irregular (5/8) e de tempos de divisão ternária (6/8). É caracterizado, no início, pelos ritmos corporais - palmas -, ao que se juntam os sopros (flauta) baseando-se em motivo rítmico e melódico da canção. Uma segunda flauta cria uma riqueza polifónica no contexto da tipologia da música tradicional portuguesa. O início das estrofes é caracterizado pela entrada do piano que faz o acompanhamento da melodia. Antes da segunda e terceira estrofes existem dois pequenos interlúdios que recriam o motivo rítmico da canção. Na Coda repete-se o mesmo motivo rítmico (palmas) da introdução.
O milho da nossa terra,
Ai, o milho da nossa terra,
É tratado com carinho.
É a riqueza do povo,
Ai, é a riqueza do povo,
É o pão dos pobrezinhos.
É a riqueza do povo,
Ai, é a riqueza do povo,
É o pão dos pobrezinhos.